terça-feira, 25 de agosto de 2009

Sampa... não há como não lembrar

Qdo falei, lá no início, sobre a boiada que encontrei na estrada, com peões e seus berrantes, montados em burros enfeitados com arreatas prateadas, e que me fez dizer: "Rapaz...que fim de mundo !!!", na realidade estava agindo como Narciso que Caetano menciona em Sampa.

Aliás, esta música tem tudo a ver com o meu "choque"... hehehehehehe. É só mudar o lugar... a Rita Lee... ou o cruzamento de Ipiranga com São João, trocando por outras pessoas, ruas, cidades... fazendo analogias com o que a letra diz... mantendo as devidas (des)proporções... mas é aquele preconceito...

Mas acho até natural.... e muito comum de ver por aqui ainda hoje, já que minha cidade por ser nova... em desenvolvimento... tem sempre gente chegando (pra morar) e saindo (pra voltar)... muitos visitantes que chegam e dizem: "Puxa vida!!! Os supermercados daqui tem de tudo...'igualzim' lá em....." hehehehehehe.

E, daquela época pra cá, as coisas mudaram muito... mas muito mesmo. Pra quem não tinha energia, nem telefone pra falar (tinha que andar 2 horas em estradas de terra pra ligar), hoje a minha internet é melhor que a das minhas filhas em Niterói . Aliás, a Net, responsável pela conexão delas, é de doer...em todos os sentidos... Elas moram no coração de Icaraí e não tem condições de colocar Velox, por exemplo, segundo eles, por falta de condições técnicas.
As parabólicas (e agora a internet), com raríssimas exceções (gaúchos, p.e.), globalizaram de vez a moda, a linguagem, os costumes... "a deselegancia discreta de suas meninas" ? Não mais... hehehehehehehe .
Mesmo assim ainda existe isso do cara achar que aqui é o fim do mundo, como achei um dia... hehehehehehe.

Sampa

Caetano Veloso

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas

Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
Gilson Coimbra...

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